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vives nas nuvens
vens nu
ingênuo, um
vê a gente sem tu
longe no azul
pìu su
vem angel blue
"Sant'Anna, Virgem Maria, Menino Jesus e o carneirinho", Da Vinci, 1510.
"o poeta é um fingidor..."
Lancei-me ao mar na busca vã de te encontrar
Não sabia mais como esperar ver-te ao porto chegar
Nesse maritmo trôpego de ondas tamanhas
Sofri no frêmito balanço de tuas façanhas.
Entranhando-me no breu de meu ser louco, desencontrado e sôfrego
Resolvi voltar náufrago às docas, cambaleante e torto
A aguardar-te numa solidão desafinada e rouca com esperança pouca
todas as trilhas
por onde passam meus desejos
são buscas
todas as linhas
por onde andam meus dedos
são curvas
todas as estradas
por onde cruzam meus medos
são duas
todas as milhas
por onde percorrem meus anseios
são além-lua
todas as veredas
por onde meus versos escrevo
são tuas
para que serve o poema
se me ferve, me queima
não segue esquemas
nem lemas
se sai leve ou a duras penas
nada ergue, nada perde
não importa o tema
para que serve o poema
se é apenas
menininho não cresça assim tão rápido
fito teus olhinhos de vidro
tenho um passo a frente, outro atrás
a vigiar os teus apressados e corridos
já atravessas a rua tranquilo
e fico a te pensar sozinho e duvido
meu cupido distraído
não tropeces no paralelepípedo
não esqueça o calçado
tem muito micróbio no piso
estás a fazer supermercado
eu ainda a te dar pirulitos
queria-te infante, comigo
mas sei que é errante teu destino
menininho, és meu gigante perdido
e sei, te vais, tornar-se-á mais pequenino