Essa parte que cala

Essa parte rígida que cala
Em mordaça apaziguada
É também adaga que transpassa
Os espaços contidos n'alma.
Essa parte fria que cala
É vão adormecido em calhas
Animal contido em jaula
Flor que não mais exala.
Só não me peçam para negá-la
Pois que em cruz já esteve ilhada
Não poderia mais abandoná-la
No leito escuro das valas!
"Philosopher in Meditation", Rembrandt, 1632.
Nada Calmo
Carência
Edição
Sertão do(a) Rosa

De tanto fazê c’um demo pacto
De redemunho em redemunho
Desrodeando a pôrtera do mundo
Um’ora quis dizfazê o trato.
Se o sinhô num acredita
Que vivê é perigoso no sertão da gente
É porque num tem alma, antesmente
Nem sente presença de neblina.
Quando ela se achega que nem garoa fina
Num tem capiroto que güente
Nem névoa que essa desmistura assente
Me alembro. Tinha medo. Carecia.
Todo mundo tem parte c’um capeta
Não pense o sinhô que é mentira
Porque opiniães, dizem só. Que-diga?
Há-de comprar briga nas vereda.
Fim de rumo nessa peleja
É correr o Rio pela Cabeceira
Mas o sinhô, seu moço, mire veja:
Arre! Do sertão essa doidêra ...