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*anima e cuore





O que não tenho

senão os anéis no anular?






O que não tenho

senão os trapos a me indumentar?






O que não tenho

senão os sapatos a me civilizar?






_O que eu tenho, de fato, é nuclear!





"Red Ballon", Paul Klee, 1922.
*Republicação

Essa parte que cala


Essa parte rígida que cala

Em mordaça apaziguada

É também adaga que transpassa

Os espaços contidos n'alma.


Essa parte fria que cala

É vão adormecido em calhas

Animal contido em jaula

Flor que não mais exala.


Só não me peçam para negá-la

Pois que em cruz já esteve ilhada

Não poderia mais abandoná-la

No leito escuro das valas!




"Philosopher in Meditation", Rembrandt, 1632.

Nada Calmo


falo ou calo

calo ou falo

nado no lago

largo d’alma


falas...?

a gola me cala

cola colada

engasgos

talas e talos

entalados

calas...?


no largo d’alma

no lago nado

nada calmo...



"Sun setting over a lake", Willian Turner, 1840.


Carência


Aquela crença

Sob minha pele

Que me entorpece

Como torpe doença


A dor da querença

Que ainda me traça

Ainda estraçalha

Pela marca da ausência


Ainda faz diferença

Em minh’alma

Que não acalma

Dessa convalescença

Edição


Ao folhear-me lentamente

Na frente,

Na superfície aparente,

Descobri caracteres e entre

Espaços no verso

Hieróglifos desconexos

Incompletos,

Repaginando um mundo

Íntimo, profundo, impresso

Uma edição integral

Revista e atualizada

De uma alma ferida

Inédita, agora publicada.

Sertão do(a) Rosa


De tanto fazê c’um demo pacto

De redemunho em redemunho

Desrodeando a pôrtera do mundo

Um’ora quis dizfazê o trato.


Se o sinhô num acredita

Que vivê é perigoso no sertão da gente

É porque num tem alma, antesmente

Nem sente presença de neblina.


Quando ela se achega que nem garoa fina

Num tem capiroto que güente

Nem névoa que essa desmistura assente

Me alembro. Tinha medo. Carecia.


Todo mundo tem parte c’um capeta

Não pense o sinhô que é mentira

Porque opiniães, dizem só. Que-diga?

Há-de comprar briga nas vereda.


Fim de rumo nessa peleja

É correr o Rio pela Cabeceira

Mas o sinhô, seu moço, mire veja:

Arre! Do sertão essa doidêra ...