
a poesia é fútil
embora nobre
a poesia é van
embora Gogh
"The Mulberry Tree", Van Gogh, 1889.
"o poeta é um fingidor..."
não tenho tempo para poesia
os ponteiros na parede apenas pontuam meu pulsar
por isso doem minhas têmporas
o tempo muda e muda a temperatura
o tempo é mudo, minha pena é temperamental
sinto que meu poema não tem tempo
e pressinto que vem vindo um temporal...
tentei extrair poesia da pedra
briguei, gritei, protestei
entretanto
me entreguei, tropecei,
protelando como sempre
a pedra que não triturei
perdoe essa criatura
de alma nua e crua
cuja poesia era tua
perdoe a envergadura
sob todos os tipos de luas
da minha pena humilde e absurda
... ... ... ... ... ... ... ...
e por fim
perdoe a ingenuidade
e a tenra vaidade
de que tecido encontrasses
em alguma extremidade
o fio de Ariadne
não tenho tempo para poesia
os ponteiros na parede apenas pontuam meu pulsar
por isso doem minhas têmporas
o tempo muda e muda a temperatura
o tempo é mudo, minha pena é temperamental
sinto que meu poema não tem tempo
e pressinto que vem vindo um temporal...
De que adianta sangrar em papel as dores fugidias?
Implorar aos céus a vida que eu queria?
Súplicas em escarcéu são rasgos e amassos!
Minha pena tem mais o que rogar do que rezar ao léu!
De que adianta prostrar-me, feito réu, perante os versos
Que aqui encerro com aparente apatia?
Ademais, Deus não lê poesia!