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continuum



que a gente tem que crescer

que a gente tem que sorrir

que a gente tem que sofrer

que a gente tem que sentir


que a gente tem que sonhar

que a gente tem que agir

que a gente tem que amar

que a gente tem que partir


que a gente tem que lutar

que a gente tem que cumprir

que a gente tem que cantar

que a gente tem que seguir



que a gente tem tudo que

apesar de



"Rosa meditativa", Dali, 1958.

A escolha


ele gostava da Prazeres

mas também da Norma


quando estava com uma

pensava na outra


quando estava com a outra

pensava na uma


de modo que um dia deixou as duas

por uma paixão sofrida e única


a Dolores por toda a vida

foi sua companhia





"Two Friends", Lautrec, 1894.


Cordão


cor

ver

cor

ter

cor

ser



cor - ação

(tudo faz)

cor - relação




"Detail of Sunflowers", Van Gogh, 1853.





deleito-me em teus

seios, seios

com meus

dedos, dedos, dedos, dedos, dedos

e os

beijo, beijo

com

Desejo

Desejo

Desejo

Desejo

Desejo


Ópio


verti-me adulterado desde que te conheci

me corrompi, despertei de todo meu ócio

de tal modo que todos os caminhos que percorri

desembocaram nas tuas trompas de falópio


Tu


Tu és raiz quando me espalho

és caule em mim suportado

és folha em mim ornado

és fruto em mim maturado

Tu és seiva. Eu sou orvalho.




Espermanência

o meu gozo é sem fim

seja no teu contentamento

seja no teu desfalecimento

ainda espermaneces em mim



Jardim

Reparto-me e refaço-me.

Árvore.


A revestir-te e proteger-te.

Pétalas.



A aninhar-te em cada parte.

Folhas e caule.


A prender-te.

Raiz.


P(á)ra...


... não perder-te.

Jardim.




"Woman in the waves", 1868 (Courbet)
"Woman with white stockings", 1861 (Courbet)
"Lovers in the countryside", 1844 (Courbet)
"Young ladies at the bank of the Seine ", 1857 (Courbet)
"The origin of the world", 1866 (Courbet)

Aquarela (Pergunta)


a cor da janela

a cor amarela

a cor que vem dela

a cor aquarela

a cor a ti apela

a-corda bela




"The Red Kerchief:Portrait of Camille", Monet, 1878.

Outono




Gostaria perder-me no outono
Em algum bosque de ouro
Num adeus, me diriam: "_tolo"
E meus rastos já não teriam dono

Mas esconder-me entre as amarelas
Fartas folhas e tantas
Entristeceria em ocre medonhas
O desabotoar das próximas gérberas!




"A Primavera", Monet, 1886.

Pena


Sentenças mal(ditas)

Prónunciadas e prómulgadas

Pelo destino pró-feridas

Na cadeira de réu, uma vida

Condenada a ouvi-las.

On the contrary


Por vezes penso-me de emoções espessa

Por vezes sinto-me de razões densa

Enquanto de acontecimentos escassa é a vida

Enquanto de sonhos pequenina é a poesia.

Palavras


Palavras são barcos

Por navegantes guiados

Em turvos mares vindouros

Em direção a um ancoradouro.

E

Palavras são barcos à deriva

Como missivas transviadas, perdidas

Que transpassam a língua e findam

Imersas em algum colóquio da vida.

Súplica


Oh Deus!

Perdoe essa dor insípida

Em lágrimas vertida

Essa ovelha perdida

Ignorante, estúpida,

Incontida da vida

Em risos anoitecida

E em prantos amanhecida!

Hélio (in memoriam)


Hélio...

Desprovido de prejuízos.

Despojado de benefícios.

Dor ou prazer.

Apenas você.

Não é mais gás.

Nem vida.

Como se


Como se

a escuridão invadisse o dia


Como se

as ervas daninhas cobrissem as margaridas


Como se

as mariposas se refugiassem nas galerias


Como se

o vento soprasse contra minhas retinas


Como se

o mar recuasse muitas milhas


Como se

o concreto rolasse sobre a fantasia


E como se

a vida abandonasse a poesia.