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caminhante

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eu

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                                                                 mas aonde me levará o destino?


"The Shepherdess", Millet, 1864.

maria


maria sempre quis
que a chamassem flor de lis
mas ninguém diz, ninguém diz


pobre maria que não sorri
deixou que seu nome
a determinasse infeliz


e assim foi. fim.


"La Magie Noire", Magritte, 1935.

vitória-régia


por que me atraem os solos áridos
com suas pedras e cactus?

não por que sou uma bromélia
briófita sentinela

que sempre estou à espera de um sedento
perdido em campo ermo

e sendo eu aquela de úmidas pétalas
uma miúda vitória régia

que seguirei meu destino
nas superfícies de um sereno rio...




"Women by the water", Seurat,?.

Eleonora


Eleonora
sempre quis ser o que
antes fôra

até que o tempo encarregou-se
de mostrá-la que
era tola

que já caíra a gota
e da árvore a folha
ela seria a outra



"Rosa la Rouge", Lautrec, 1887.

menininho (a Eros)


menininho não cresça assim tão rápido

fito teus olhinhos de vidro


tenho um passo a frente, outro atrás

a vigiar os teus apressados e corridos


já atravessas a rua tranquilo

e fico a te pensar sozinho e duvido


meu cupido distraído

não tropeces no paralelepípedo


não esqueça o calçado

tem muito micróbio no piso


estás a fazer supermercado

eu ainda a te dar pirulitos


queria-te infante, comigo

mas sei que é errante teu destino


menininho, és meu gigante perdido

e sei, te vais, tornar-se-á mais pequenino




"Mother and child", Picasso, 1907.

Ópio


verti-me adulterado desde que te conheci

me corrompi, despertei de todo meu ócio

de tal modo que todos os caminhos que percorri

desembocaram nas tuas trompas de falópio



"Sleep", Gustave Courbet, 1866.

Grão de Areia


Aceito na areia ser grão perdido

Pois que da Vida já não duvido


Se apenas sou ente em grupo constituído

Não há outra maneira de acolher o Destino


Grânulo minúsculo e pequenino

Que na Natureza se encontra retido


A resignar-se perante um Todo, ferido

Por não ser Possuidor, mas ínfimo possuído!



"Vapor numa tempestade de neve", Willian Turner, 1842

Destino fortuito


Casos isolados ou freqüentes

Antigos e recentes

Fazem-me questionar:

Não podiam esperar?


Uma pessoa errante

Em um caminho distante

Ao dobrar a esquina

A me trombar. Uma sina?


Um acontecimento repentino

Que mais parece um desatino

Permanece sem pestanejar

Com insistência a me provocar (...)


Um homem doente

Uma mulher descontente

São escolhas da vida

Ou lições que ela ensina?


Sofrimento no peito

Amor sem conserto

Relógio ajustado

Com ponteiros do passado?


Vontades e fatalidades

Corroendo nossas verdades

Acasos do destino

Ou força do arbítrio?