Mostrando postagens com marcador flores. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador flores. Mostrar todas as postagens

(g)estação



um anjo ingênuo
sem nome, sereno
semeou gerânios em mim

depois partiu, não germinou
sorrateiro, em silêncio
_ que triste jardim!

"Bouquet of flowers", Chagall, 1970.

vitória-régia


por que me atraem os solos áridos
com suas pedras e cactus?

não por que sou uma bromélia
briófita sentinela

que sempre estou à espera de um sedento
perdido em campo ermo

e sendo eu aquela de úmidas pétalas
uma miúda vitória régia

que seguirei meu destino
nas superfícies de um sereno rio...




"Women by the water", Seurat,?.

flores incógnitas


por que insisto em ofertar gérberas
se continuam a lançar pedras?

por que cultivo margaridas
num terreno de tantas feridas?

por que semeio girassóis
buscando um calor que me corrói?

por que adoro violetas
em meio às cores neutras?

por que busco tulipas
num deserto à míngua?

por que tenho uma flor de lótus
cercada de destroços?

por que me sorriem orquídeas
nas paredes demolidas?

por que me chamam as rosas
à tela de natureza morta?

por que conservo um jardim
no estrato mais estúpido de mim?




"Poppy Field at Vetheuil", Monet, 1879.

Flores do Ipê


rosas

tantas delas em cópula


amarelas

Van Goghs nas janelas


violetas

ventania de borboletas


brancas

nuvens flutuantes nas plantas


(...)


nessa época, quem não vê

as flores fartas do ipê?



"The Mulberry Tree, Van Gogh, 1889.

* P(r)az(er)


Os vivos com suas dores

Os mortos com suas flores


As folhas no outono amarelas

E as verdes na primavera


Nas aquarelas as cores

Os pintores com suas telas


Tudo está no seu lugar

Tudo está onde fores


Tudo está em paz

Tudo me apraz


Nada mais



"Hendrickje bathing in a river", Rembrandt, 1654.


* Publicação especial para a Tertúlia Virtual.