caminhante
veredas
não importa se direita
ou esquerda
as veredas que adentro
são estreitas
vitória-régia

por que me atraem os solos áridos
com suas pedras e cactus?
não por que sou uma bromélia
briófita sentinela
que sempre estou à espera de um sedento
perdido em campo ermo
e sendo eu aquela de úmidas pétalas
uma miúda vitória régia
que seguirei meu destino
nas superfícies de um sereno rio...
"Women by the water", Seurat,?.
passagens

todas as trilhas
por onde passam meus desejos
são buscas
todas as linhas
por onde andam meus dedos
são curvas
todas as estradas
por onde cruzam meus medos
são duas
todas as milhas
por onde percorrem meus anseios
são além-lua
todas as veredas
por onde meus versos escrevo
são tuas

Passagem
outra estrada

outra estrada
que me permita seguir adiante
sem olvidar os beirais da jornada
outra estrada
que aponte um horizonte sempre mais longe
mas que eu sinta que já é chegada
outra estrada
em que eu transeunte
ainda me sinta aconchegada
outra estrada
uma Pasárgada insone
seja madrugada, seja alvorada!
"Forest Path", Hein Van Den Heuvel.
Uno
Ópio
Ato de Contrição

Senhor, não imploro teu perdão
Explicando-Te se pequei ou não
Pois se meu destino é contra Ti pecar
Não há porque perdoar
Se me enveredei por outras campinas
É porque viver cerceada não podia
E se antes me vias perdida entre as colinas
Hoje me tens nos Teus prados arrependida!
"Indredulity of Saint Thomas", Caravaggio, 1602.