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coração de leão


essa fortaleza que vês é pele
essa dureza que vês são só ossos
essa firmeza apenas tendões

profundo e protegido é o
coração
núcleo destemido, ferido
de leão


"A Fallen Tree Trunk", Camuccini, 1850.

o sineiro


ainda toca o sino
o órgão, no íntimo
é Quasímodo


"Hombre mirando pájaros", Rufino Tamayo, 1950.

*anima e cuore





O que não tenho

senão os anéis no anular?






O que não tenho

senão os trapos a me indumentar?






O que não tenho

senão os sapatos a me civilizar?






_O que eu tenho, de fato, é nuclear!





"Red Ballon", Paul Klee, 1922.
*Republicação

Angiosperma


meu coração é minha matéria


é por isso que quando meu corpo penetras


atinges também minhas artérias




"Danae", Gustav Klimt, 1908.


Cordão


cor

ver

cor

ter

cor

ser



cor - ação

(tudo faz)

cor - relação




"Detail of Sunflowers", Van Gogh, 1853.





Marcapasso





"Several Circles", Kandinsky, 1926.






No rasgo dos teus versos


sensação esquisita de incesto

trair meu coração

no rasgo dos teus versos


como se fosse desonesto

furtar daquele instante

fugaz um momento eterno




"A Carta", Alfredo Keil, 1874


Fases


Menstrua cálido meu coração.

Não há mensura.


Em seguida, coagula.

Não há mistura.


Torna-se pálido.

Como a lua.



"All alone", Iman Maleki, 2000.

Notificação


Há nas redondezas uma doença contagiosa,

altamente infecciosa e dolorosa,

provocada por uma terrível bactéria,

sobrevivente também em terras mortas.


Alastra-se rapidamente deixando o corpo desvalido.

Em cadeia, vão-se os órgãos perecendo em contínuo.

De plaquetas, no sangue, deficiência;

de ar, nos pulmões, insuficiência.


Certamente, será notificada como algo maligno,

pois constata-se no paciente por ela acometido

o pior sintoma que poderia ter um indivíduo:

um inútil e disforme coração partido!



"Plague in an ancient city", Michael Sweertz, 1610.

É Natal! Tempo de Agradecer...


Queridos amigos do blog,



Obrigado a todos que se fizeram "presentes" de algum modo.



Àqueles que aqui se perderam

Àqueles que aqui se encontraram

Àqueles que aqui comentaram

Àqueles que não.



Àqueles que aqui sentiram o coração aquecido

Àqueles que aqui criticaram sem disseminar o frio.



Obrigado, sobretudo, àqueles que agregaram a este espaço um pouco mais de poesia e àqueles que se tornaram em minha vida, a própria poesia...



Que todos os dias sejam de (re)nascimento!!!



Feliz Natal!!!




Detalhe "A criação de Adão", Michelangelo Buonarroti, 1510.

Natureza Corrompida


desde que foste a natureza se corrompeu.

desvirtuou a cachoeira de meus ombros

subornou meu ribeirão de cabelos

confiscou de meu corpo os desejos

e minha boca foi acometida pela desertificação


preservou apenas o sol sob os montes

que ainda queima, que ainda arde

pantera em grade que se confunde

em meio as noites de solidão

a chover esse continente inabitado

imaculado, sem adulteração




"The tub", Degas, 1885.


Sentimentos Alados



Meus sentimentos têm asas

E não sabem voar rente ao chão

Ainda que sejam cortadas

Mais belas e livres são!


E se do alto, mais distante é o alvo

Buscam então a sublime imensidão

Do vôo perdido azul no espaço

De um coração calmo e sem grilhão!




"Meninos soltando pipas", Portinari, 1943.


O Vermelho e o Branco


Meu corpo é branco.

Meu coração é vermelho.


Se como um espelho

O pálido reflete o corado

Este está contido naquele

E do mesmo faz parte

No jardim cândido

Há uma rosa escarlate.


E sendo, portanto o alvo

Em rubro misturado

Retifico de modo mais claro

O que então se tornou encarnado:


Vermelho é meu corpo.

Branco é meu coração.




Óleo de Camille Pissarro.

Atrofia


Em minhas retinas

Miopias, hipermetropias

Quantas anomalias

Eu contaria?


Em meu coração uma atrofia

Traço de melancolia

Que me definha

Que me deixa sozinha.

Meu coração


Meu coração é um carro desgovernado

Músculo enfermo, partido, descontrolado

Mecânico e sem câmbio automático

Que circula desvairado, desregulado

Marcando passo apressado, desajustado

Por um amor gentil, vil, desenfreado

Que partiu, fugiu, dormiu anestesiado

E me deixou assim, sem mim, sem porvir, dilacerado.

Umas questões


Amar? Por que amar?

Se é tão difícil ceder

Se a voz da volúpia clama

E não sou dona do gostar?


Amar? Por que amar?

Se o coração não se doma

Se as regras ele furta

E a matéria não mais refuta?


Como sou desejo?

Se em teu torpor me vejo

Se na amplidão de meu corpo

Sufoca-me teu cheiro?


Como não nos enganar

Se nosso amor encontra-se

No exato momento

Em que nos desencontramos?

Simples assim:

Meu coração fraturou-se...