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briga com um poema



Eu briguei com um poema
Um poema sem morfema
Que a mente não traduzia
Nem à pena nada dizia...

Ahh eu nunca fiquei de mal de ninguém!
Por que será que esse poema não engrena?

Um poema assim tão grande
Mas que só em mim se expande e não além?

Ai ai, eu não sou de intriga, Dona Poesia!
Façamos as pazes
Encontremos as frases
Que tudo vai bem...



"A Childhood Idyll", Bouguereau, 1900.

* Amputação



Percepção esquisita essa

Que uma perda gradual encerra

Um membro, uma parte, uma perna

Que se anula, se vai, se dilacera.



Resta somente a sombra da amputação

Como um amargo grilhão presente, dizendo não

Como um tormento pungente e vão

Por se ter invisivelmente a sensação.






"Mlle Rose", Delacroix, 1820.

*Republicação

Sucinto




penso e duvido

que a vida, em conciso

seja apenas isso




"Puberty", Munch, 1886.

Espelho Sentido


sem ti

senti

sentido ter

sentir ser

sem ter sido

sentir ter

sem ter tido

sentido ter

sentir

sem ti

senti



"Narcissus", Caravaggio, 1599.

Carência


Aquela crença

Sob minha pele

Que me entorpece

Como torpe doença


A dor da querença

Que ainda me traça

Ainda estraçalha

Pela marca da ausência


Ainda faz diferença

Em minh’alma

Que não acalma

Dessa convalescença

Equívoco



Há pessoas que forjam uma estadia
Mais longa em nossos dias.
Mas, um instante que parece ínfimo
Se revela importante
Quando liquefazem-se todas as ilusões
E desmascara-se um inquilino
Vivo ou morto,
Sua permanência,
Agora sentida e vivida como
Simples ausência.