
quero uma andorinha
para me orientar
não quero andar sozinha
por sobre o mar
mas a andorinha que conheço
não é minha, é da Dora
e pra não pensar que não mereço
digo adeus e vou embora
"o poeta é um fingidor..."
Há papoulas nos jardins internos da masmorra.
Há vermelho-sangue
Há roxo-equimose.
Há azul-celeste, torpe.
O verde que me deste.
Desbotados, exangues, presos.
As cores de Kahlo foram acobertadas
Pelo telhado em branco-gelo!
O dia numa caixa.
Enquadrada num quadrilátero.
Enformada num retângulo.
Checando o tempo a cada um quarto.
Às vezes, mirava pelo quadrado.
E via outros seres quadrados.
Via que nesse polígono de quatro
Eu estava fora de enquadre.
Isso me deprimia.
E em cada ângulo me via
Num quadro emoldurado,
Num tabuleiro quadriculado.
E nele rolava um dado
Que mostrava sempre o mesmo lado:
1, num quarto.