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caminhante

o

c
a
m
i
n
h
o

eu

c
a
m
i
n
h
o

                                                                 mas aonde me levará o destino?


"The Shepherdess", Millet, 1864.

o poste


o poste
ilumina
a rua
e a sua
ninguém
ilumina

poste
não
caminha

"Not to be reproduced", Magritte, 1937.

a canoa


a canoa
sem remos
entoa
o silêncio
serena
na lagoa
ôca
una
à tôa


"Le Bateau-atelier", Monet, 1874.

a minha dor é minha dor


a minha dor é minha
a dor me adora
não me deixa sozinha

a minha dor é maior
que a da Dora
a dor é minha

que bom seria

dormir dormente
como quem nada sente
no peito e na mente

a dor sairia

um dia
eu vi a dor
e a dor
sorria
ria só
pois era só

minha

"Desnudo con alcatraces", Rivera, 1944.

apenas



apenas
um
apenas

um
apenas

um


"La espera", Gambartes, 1960.

Down



que mau
o meu baixo astral
que mal

eu ando tão down
eu ando tão down




"Tristeza do Rei", Matisse, 1952.

postcard


Yesterday I was at the beach.
It was the end of the afternoon
and in my face I could feel the breeze.

The waves were small and calm as I was.
There weren´t clouds in the sky
and I could see
the horizon while
birds were crossing it.

The weather was warm and dry.
Blue light was the sea
contrasting with the white
sand under my feet.

I thought that everything was perfect,
but you were not there for me!



"Sunset at the sea", Renoir, 1879.

olhos azuis



mergulhei no céu
azul do Alentejo
e o que vejo
coberto por véu
és tu quem não me vês
eu quem sempre amei
o cortês e singelo
azulejo português



"O Atelier do Artista", José Malhoa, 1894.

brincos


Ah aqueles seus brincos pendentes
sempre cabisbaixos, não me creem

Ah se soubessem como é o horizonte
eu estaria lá bem de fronte

Ah se seus movimentos oscilantes
me tocassem por um instante

Ah eu não estaria doente, ausente
eu não seria tu igualmente



"The Embrace", Picasso, 1901.

Minguante



aqui dentro
a noite
tenebrosa

lá fora
a lua
luminosa

ri
de
mim



"Gone, but not forgotten", John William Waterhouse, 1873.

o trevo


tem um trevo
no meu jardim de bromélias
um solitário de três simplórias folhas

que no contexto
hostil das secas pedras
denota toda possível força

eu o vejo
em meio as pétalas
em posição tão (in)cômoda

e temo
penso com cautela
se teve escolha...



"Irises", Van Gogh, 1889.

Andorinha



quero uma andorinha
para me orientar
não quero andar sozinha
por sobre o mar

mas a andorinha que conheço
não é minha, é da Dora
e pra não pensar que não mereço
digo adeus e vou embora



"L'entree en scene", Magritte, 1961.

casulo



esse muro grande
entre nós
é mudo

essa glande
esse algoz
é escudo

que frustrante
estamos sós
num casulo


"The Astronomer", Vermeer, 1668.

angelo


vives nas nuvens
vens nu
ingênuo, um
vê a gente sem tu
longe no azul
pìu su
vem angel blue



"Sant'Anna, Virgem Maria, Menino Jesus e o carneirinho", Da Vinci, 1510.

* Contratador


com trato
com dor
com trato e dor
contrato a dor
contra a dor
condor






"Casamento na roça", Portinari, 1946.
*Poesia feita pensando em Xica da Silva

*O trem


o trem

vem vindo vem

nessa férrea linha ad finem

sem ninguém, sem ninguém

repetindo seu réquiem

para um bem

que já não tem, que já não tem...





"Muchacha con girasoles", Diego Rivera, ?
*Republicação

A DORminhoca


a minhoca
dorme na oca
sozinha
e diz:
_ a dor é minha!
"A coluna partida", Kahlo, 1944.

*Náufrago



Lancei-me ao mar na busca vã de te encontrar

Não sabia mais como esperar ver-te ao porto chegar

Nesse maritmo trôpego de ondas tamanhas

Sofri no frêmito balanço de tuas façanhas.


Entranhando-me no breu de meu ser louco, desencontrado e sôfrego

Resolvi voltar náufrago às docas, cambaleante e torto

A aguardar-te numa solidão desafinada e rouca com esperança pouca

De navegar outra vez nas águas de tua boca.




"Ulysses deriding Polyphemus", Willian Turner, 1829.
* Republicação

Manípulo


ser tranquilo mas turbo


ser notívago e profuso


se move difuso


sob o tecido recluso


ser solícito com(n)tudo


ser solífugo




"The Toilette", Toulouse-Lautrec, 1896.



Uno



canto o canto

caminho o caminho

sonho o sonho


um

poeta

sozinho



"O despertar de Ícaro", Lúcilio de Albuquerque, 1910.