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time


as time passes by
people come to life
as time passes fast
people come to death

as time grows old
we get so
less
instead
"Meditative Rose", Dali, 1958.

insônia III



alta madrugada
madruga na calçada
eu ainda acordada
e a noite é quase nada




"The Artist in His Studio", Rembrandt, 1692.

silêncio



eu amei o silêncio
o amei mais que pude
até certo tempo

e ele falava
falava mais que todo mundo
e tinha um defeito

o silêncio não silenciava
e todas as suas sílabas
tinham acento

sua voz sibilante
sussurrava, sussurrava
com o vento

e toda vez que ela passa
deixa algo doendo
desalento...

silêncio aqui dentro



"Still Life with Skull", Cézanne, 1900.

insônia II



tentei dormir contando carneiros

1 carneiro pulou a cerca
e caiu do outro lado

2 carneiros pularam
e comeram todo o pasto

3 carneiros pularam
e ficaram meio enjoados

4 carneiros pularam
um pouco entediados

5 carneiros ficaram abandonados

esses não contaram...

o sono não veio
e o travesseiro ficou cheio
de carneiros!!!



"Sheep-shearing", Thomas Barker, 1812.

Waiting in


waiting my time

wasting my turn

waiting my turn

wasting my time




"The waiting", Klimt, 1905.

Quantum


se sou quatro

ou seis não sei

poderia ser quantos


um quadro no quarto

encontro escondo

o que depende do quando



"La cascade", Magritte, 1961.


Degrau




"Crystal Gradation", Paul Klee, 1921.

Passamento



como se não houvesse hora

o passado estático nas costas

como passamos é para ontem

e como também o é para agora




"Duas mulheres à janela", Bartolomé Esteban Murillo, 1670.

Onomatopeica


a cada tic-tac

toc-toc-me




"The Abduction", Cézanne, 1867.

Ao Desencontro


já não chora a


es

ta

lac

ti

te


a ausência da umidade


o vão da saudade


verteu-se em pranto da


es

ta

lag

mi

te




"Rocky Landscape", Paul Klee, 1919.


* Não Tenho Tempo para Poesia



não tenho tempo para poesia


os ponteiros na parede apenas pontuam meu pulsar


por isso doem minhas têmporas


o tempo muda e muda a temperatura


o tempo é mudo, minha pena é temperamental


sinto que meu poema não tem tempo


e pressinto que vem vindo um temporal...




*Republicação para o Tertúlia Virtual.


"A Persistência da Memória", Dali, 1931.

Marcapasso





"Several Circles", Kandinsky, 1926.






Vaidade


vem idade

viril idade

idade vil

vã idade

invade

idade vai

se esvai

vaidade




"Reprodução Proibida", Renè Magritte, 1937.




não tenho tempo para poesia


os ponteiros na parede apenas pontuam meu pulsar


por isso doem minhas têmporas


o tempo muda e muda a temperatura


o tempo é mudo, minha pena é temperamental


sinto que meu poema não tem tempo


e pressinto que vem vindo um temporal...




"The soul of the rose", John Willian Waterhouse, 1908.

O pretérito sentimento poético


O sentimento da poesia não existe.

O que existe é a poesia de sentimento.

No momento em que a poesia se pronuncia,

Há muito o sentimento já se perdia.


Dobrou a esquina quando eu ainda não via!




"Landscape with butterflies", Salvador Dali, 1950.

O tempo passa


O tempo

O tempo dos nossos pais

O tempo juvenil

O tempo das crianças


passa

passa em lento soluçar

passa súbito sem pensar

passa quando menos esperar


num apagar...

num despertar...




"The Persistence of Memory", Salvador Dalí, 1931.

Espera


O que é a espera

Senão o ato mesmo de esperar?

O fato de estar atado

A um tempo que virá?

Pensamento


O tempo passa tão devagar...

Como divaga meu pensamento!

Intento, invento

Aumento, experimento

Esse tormento...

Idéias ao vento.

E silêncios...

Quando

Quando me perguntas: "O quê?”

Me escondo.

Quando me perguntas: “Quando?”

Me amedronto.

Quando me perguntas: “Onde?’

Me assombro.

Quando me perguntas: “Como?’

Me lanço.

Retardación


El dolor de vivir la verdad

No es oír lo dicho,

No es sufrir lo hecho.

Es no poder mover las piedras,

Contener los intervalos que se alargan.

Es lo temprano que llega demasiado tarde

Cuando el sol se fue

Cuando no hay más tiempo de tener tiempo

Y las cosas ya son bastantes.