A Criação


Um dia, um rei dessas estórias de “era uma vez”

Assinou uma lei que dizia: “todos deveriam amar”.

O pobre coitado havia esquecido que não se ama por decreto, somente por afeto.


Um outro dia, esse mesmo rei baixou uma resolução

Que afirmava que “todos deveriam seguir seu coração”.

Esqueceu mais uma vez que o reino era governado pelo brasão da razão.


Mais tarde quando percebeu que suas tentativas não funcionavam de fato

Tomou uma medida provisória drástica: “todos deveriam então se apaixonar”.

Funcionou por um tempo até quando um plebeu saiu por aí a dizer um boato.


Este espalhou pelas cercanias que o rei era louco

Que não poderia opinar nem governar

Porque os sentimentos do mundo eram de caráter profundo.


Que deveria cuidar da monarquia

Combater a tirania

E eliminar as epidemias.


De tal sorte, o rei percebeu que não havia muito que fazer

Ao que dizia respeito aos assuntos do coração

E que mandar em todos seria uma imposição.


Logo, ficou triste e essa sensação lhe deu uma última imaginação:

Pensou então que poderia, de maneira formal e irrevogável,

Criar uma social e feliz instituição...


6 sorveram o néctar:

Anônimo disse...

Ariane, que de Ariadne agora se transmuta em Sherazade!

Anônimo disse...

Brilhante... Não conhecia este lado contador de estória,que de infantil nada tem apesar de usar-lhe o estilo.

Ariane Rodrigues disse...

Nem eu conhecia, Maze...!

Anônimo disse...

muito interessante e inteligente sua forma de falar de coisas tão importantes, com uma simplicidade de palavras e um significado tão profundo.muito bom.

Cirlene disse...

Quem disse que ser REI é fácil.E ainda há quem diga que queria ter uma "vida de rei". Governar-se a si é tão difícil quanto governar os outros.
Mandou bem, Ariane.

Ismael Souza disse...

como sempre surpreendente... parabéns minha qrida amiga... gostei mto
tenho q visitar mais o seu blog...