angelo
vives nas nuvens
vens nu
ingênuo, um
vê a gente sem tu
longe no azul
pìu su
vem angel blue
"Sant'Anna, Virgem Maria, Menino Jesus e o carneirinho", Da Vinci, 1510.
o sineiro
* Serpente (para Erosss)
Saindo
Sozinha do sótão
Surucucu cinza
Na sala serena
Ensaiando
Um sambinha
Sério, silencioso
Sorrateiramente
Suavemente
Sob meus sapatos
Circundante, cerceante
Sorvendo meu sangue
Traçando no seio
Uma percussão de susto
Um som surdo
No compasso
De um sinuoso segundo
Sssssssssssssssssssssssssss
nomes, fomes
Romeu, Odisseu e Teseu
não importam os nomes
não importam as fomes
todos eles são eu
davi e golias
do teu lado
do teu lado
do teu lado
o beijo da mariposa
observo eu a mariposa
atrás da luz da vela
mesmo sabendo que esta
não dá bola àquela moça
vem dançando afoita
e à chama se acerca
tremulando estão elas
a precaução é pouca
oh criatura barroca!
à claridade as trevas
de tuas asas belas
traídas por tua boca!
Caixa de entrada
*O trem
A DORminhoca
*Náufrago
Lancei-me ao mar na busca vã de te encontrar
Não sabia mais como esperar ver-te ao porto chegar
Nesse maritmo trôpego de ondas tamanhas
Sofri no frêmito balanço de tuas façanhas.
Entranhando-me no breu de meu ser louco, desencontrado e sôfrego
Resolvi voltar náufrago às docas, cambaleante e torto
A aguardar-te numa solidão desafinada e rouca com esperança pouca
* Republicação
hieróglifo
passagens
todas as trilhas
por onde passam meus desejos
são buscas
todas as linhas
por onde andam meus dedos
são curvas
todas as estradas
por onde cruzam meus medos
são duas
todas as milhas
por onde percorrem meus anseios
são além-lua
todas as veredas
por onde meus versos escrevo
são tuas
Flores do Ipê
* Cansaço
Passagem
para que serve o poema
para que serve o poema
se me ferve, me queima
não segue esquemas
nem lemas
se sai leve ou a duras penas
nada ergue, nada perde
não importa o tema
para que serve o poema
se é apenas
"Tarde clara", Fernando Fader, 1923.
chorão
"La niña de las mariposas", Leonidas Gambartes, ?
Amigos do blog,
estive voando por ares argentinos...
Agora volto para continuar meus escritos.
Agradeço a todos que aqui vieram durante esse período
que defino como uma espécie de retiro...
Sejam sempre bem vindos!!!
*Outono
menininho (a Eros)
menininho não cresça assim tão rápido
fito teus olhinhos de vidro
tenho um passo a frente, outro atrás
a vigiar os teus apressados e corridos
já atravessas a rua tranquilo
e fico a te pensar sozinho e duvido
meu cupido distraído
não tropeces no paralelepípedo
não esqueça o calçado
tem muito micróbio no piso
estás a fazer supermercado
eu ainda a te dar pirulitos
queria-te infante, comigo
mas sei que é errante teu destino
menininho, és meu gigante perdido
e sei, te vais, tornar-se-á mais pequenino