Inapto

Hora sem nada.

Não concebo um poema.

Não maltrato alguém.

Nem mesmo transo.


Sem conseguir recordar.

Sem buscar sonhos.

Sem sofrer de banzo.


Sem palavras.

Para amar.

Para se arrepender.

Para descartar.

Para ser.


Apenas a inóspita estampa do absurdo

Marca o vocábulo transfigurado em minha face.

Talvez

Talvez quando se despirem os homens do saber

E as balas não saírem dos revólveres

Eu possa crescer.

Talvez quando cessem as barbáries dos que agonizam

No cárcere de si mesmos,

Talvez quando a simplicidade ocupe os vãos

E o sonho ambicionado não seja tolo

Quiçá eu sinta o aroma da maturidade

E abandone as amarras desta tenra idade.

Embora esgotada por veemência

Em carregar o fardo de Sísifo

Talvez eu não ame, não odeie, nem vá ao circo,

Talvez eu seja só gravura de adolescência.


Simples assim:

Meu coração fraturou-se...

Verso(s)

Quando do avesso me virei

Extraí um verso.

Dentro e fora, o que era se transpôs.

A aparência se encapsulou.

A essência se consolidou.

Extraí-me num verso.

Olhei no avesso de mim.

Versei...

O que vi?

Vi versus tudo que eu sabia

Uma via de acesso verso te.

Vinícius

Vinícius.

Vício...