Soneto aos Mortos


Receio às pálidas mãos dos covardes

Que têm num traço de lamento na palma

Um texto desencontrado na sobretarde

E um séqüito de palhaços na alma.


Receio àqueles que vivem no escuro

Amarelos como fruto sem gosto e imaturo

Dependurados em árvore, estrangulados

Nas cordas do medo ou em cima do muro.


Não me domam receio e pranto

Não sou mulher de brutas alcovas

Nem enterro em covas meus acalantos.


Mas emprestado peço ao impávido a Boca do Inferno

Ao intrépido Dos Anjos, o cemitério, para num leito

Frio e calmo, deitar aos mortos, meus últimos versos.




"A morte do toureiro", Picasso, 1933.


4 sorveram o néctar:

Jèff Jácom'e disse...

Obrigado pela visita.
Amei seu "Mariposando"
abraços!

Ariane Rodrigues disse...

Olá Jefersandro! Muito grata pela sua visita! Abraço.

Wesley Viana disse...

Adorei esse poema!

Ariane Rodrigues disse...

Ai,ai,se você soubesse, querido Wesley! Beijo!