O pretérito sentimento poético


O sentimento da poesia não existe.

O que existe é a poesia de sentimento.

No momento em que a poesia se pronuncia,

Há muito o sentimento já se perdia.


Dobrou a esquina quando eu ainda não via!




"Landscape with butterflies", Salvador Dali, 1950.

19 sorveram o néctar:

meus instantes e momentos disse...

muito bonito seu blog. Bonito e bem escrito, belos posts. Parabens, gostei daqui.
Tenha um feliz dia.
Maurizio

Ariane Rodrigues disse...

Obrigada, Maurizio!

Sabrina Sanfelice disse...

Olá Ariane...

Obrigada pelas palavras. A busca por possibilidades interpretativas é recíproca, com certeza. Adorei a forma sutil como escreve, parece falar muito de você...

Beijos

Ariane Rodrigues disse...

Querida Sabrina, obrigada!Não há texto que não revele a nossa subjetividade, e a minha realmente não é muito recôndita... Um beijo!

Fred Matos disse...

Deixo-te um poema meu para dialogar com o teu:

pássaro esquisito

o amor é um pássaro esquisito
se o escrevo já não o sinto
porque para escrever eu penso
e quem pensa no amor não ama

quem ama não pensa, se inflama
não come, não dorme, fica aflito
os olhos não vêem, a mente derrete
perde-se o norte, o sul, leste e oeste

e os versos do indivíduo, coitado,
parecem-se com as cartas ridículas
de qualquer outro enamorado.

guarde na memória o que eu digo:
nunca escrevo o que sinto
nem gosto de versos melados

beijo

Ariane Rodrigues disse...

Caro Fred, belíssimo poema me enviastes! Replico com outro feito sem tanta maestria, mas com muita alegria:

Onde há estranhos pássaros
De pernas e asas tortas
Perdidos entre suas rotas
Alados entre vãos espaços

Descompassados em argolas
Em caminhos de nuvens engaiolados
Há também Ícaros disfarçados
Fantasiados de gaivotas!

Beijos.

Fred Matos disse...

Ariane,

quando Ícaro disfarçado
com penas de gaivotas
fugiu do labirinto de Creta
ainda não se tinha inventado
super bonder ou araldite
mas em verdade se diga
que o problema não foi a cola
o problema foi a meta
excessivamente ambiciosa
tal é a deste poeta
ao saudar uma nova amiga
com versos de asas tortas
e rimas das mais antigas.

Beijos

Ariane Rodrigues disse...

Fred,

impávido, audacioso plano este
às vezes, penso que desumano
voar com asas de fúteis materiais
para chegar a alguns desenganos

mas que alternativa temos
senão prosseguir esse ávido canto
de viver correndo atrás de sonhos
e amando...

Anônimo disse...

Em cada esquina sempre se perde alguma coisa de nossa vista... pena que junto se esvai sentimentos.
Gostei muito da sintretização de toda a gama do sentir e do escrever.

Natal de paz!

Ariane Rodrigues disse...

Olá Mazé! Mas quem sabe ao dobrar a esquina não percebamos também uma nova perspectiva?

Beijos de poesia! Feliz Natal também pra você!

nina disse...

Não poderia estar mais de acordo! Usualmente a poesia "fala-nos" através da porta do passado, de sentimentos que (já) houve um dia (lá atrás). Eu não consigo escrever sobre o presente... está demasiado próximo...
bjo

Noslen ed azuos disse...

Bonita a poesia mesmo quando não se via, ...acontece comigo sempre, sempre atrás da poesia, mas sempre ela que me encontra.

Bjin
ns

Ariane Rodrigues disse...

É verdade Nina! Nem que seja um passado bem próximo, como há exatamente 1 minuto...Beijos!

Ariane Rodrigues disse...

Olá NS! Pois é, eu ando correndo atrás da poesia e acho que "tá de mal" de mim ultimamente. Espero que a gente se "trombe" por aí em alguma viela... Beijos.

mariam [Maria Martins] disse...

Ariane,
belo momento, este! de palavras e imagem do fantástico «Dali»...
gostei.

obrigada p'la visita,
um abraço e um sorriso :)

e FELIZ NATAL!

mariam

Ariane Rodrigues disse...

Oi mariam! Obrigado. Seja sempre bem-vinda. Feliz Natal também a ti. Abraço!

Guto Oliveira disse...

Ariane, sim o que fica é a poesia do sentimento. Fazer versos é tentar captar um sentimento, segurá-lo, guardá-lo na folha branca, antes que ele dobre a esquina. // Feliz Natal. Beijos.

http:/quasepoema.zip.net

Ariane Rodrigues disse...

Guto, tens toda a razão! Feliz Natal! Beijo.

J.R. Lima disse...

não deixo de ficar pasmo, sabes?

porque mesmo assim, des-sentida, a poesia é necessária.